terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ponte Preta, a primeira democracia racial do futebol no Brasil

Ponte Preta, Nega Véia, Macaca: o primeiro time do Brasil . E também primeira democracia racial do futebol nacional.  Nesta terça-feira, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra e a Associação Atlética Ponte Preta faz questão de fazer parte da história contra a discriminação étnica. Afinal, o time de Campinas foi o primeiro a ter em seus quadros, tanto dentro quanto fora de campo, pessoas negras e afro-descendentes.

Há quem pense que o primeiro time nacional a não discriminar pessoas pela etnia foi o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, mas isso não é verdade. O Vasco foi fundado como clube de regatas em 1898, mas só em 1915 criou seu departamento de futebol. E, mesmo como Clube de Regatas, só em 1904 elegeu um presidente afro-descendente. Vinte anos depois (em 1924, portanto), defendeu junto à Federação Carioca o direito de ter jogadores negros.

Já a Ponte Preta, desde sua fundação, em 1900 - portanto bem antes do Vasco – não faz nenhum tipo de distinção.   Entre os fundadores da Ponte existiam negros e mulatos, sendo que um deles, Miguel do Carmo, se tornou jogador titular do primeiro elenco alvinegro, ainda no ano da fundação.

O orgulho é tanto que a Ponte abraçou esta democracia em suas mais profundas raízes, a ponto de ter transformado preconceito em honra. A torcida do clube sempre foi animada e acompanhava o time em todos os jogos do interior do Estado de São Paulo. Por ter na torcida uma base popular e operária, e por ter muitos negros tanto em campo quanto fora dele torcendo pelo sucesso do time, muitas vezes o time era recebido nos estádios adversários de maneira hostil.

Em uma época em que o conceito de racismo mal era conhecido, os rivais falavam que a torcida era formada por “macacos”, que o time era uma “macacada”. Em vez de brigar, a torcida transformou hostilidade em bom-humor e assumiu o apelido: a Ponte tem orgulho desde sempre de ser a Macaca, todos os seus torcedores amam a Macaquinha e fazem questão de ser os macacos do alambrado.

Seja no campo, na torcida ou em sua diretoria, a Ponte Preta segue um conceito que espera ver amplamente popularizado no mundo: aqui há uma única raça, a raça humana. Além dessa, só aquela que nossos jogadores mostram em campo.

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