segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Araraquara recebe exposição do Museu do Futebol de São Paulo sobre futebol de mulheres




Depois de ter sido vista por quase 200 mil visitantes no Museu do Futebol, em São Paulo, a exposição “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol” chega no dia 28 de janeiro a Araraquara. A mostra itinerante ocupará o térreo e primeiro andar da Biblioteca Municipal Mário de Andrade apresentando a história de resistência das mulheres brasileiras que foram proibidas por Lei de jogar bola, entre 1941 e 1979, e driblaram as dificuldades para manter o esporte vivo como sonho de mulheres e meninas das gerações atuais.

A exposição acontece em ano de Copa do Mundo de Futebol de Mulheres, que será disputada na Austrália e Nova Zelândia em julho.  

Com curadoria das pesquisadoras Aira Bonfim, Silvana Goellner e Lu Castro, além da ex-jogadora e atual dirigente da CBF Aline Pellegrino, a exposição é uma realização do Museu do Futebol, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, em parceria com a Prefeitura de Araraquara e o SESC Araraquara. A iniciativa conta com recursos do ProAC Direto, programa de incentivo à cultura do Governo do  Estado de São Paulo. 

No jogo de futebol, um contra-ataque ocorre quando um dos times recupera a posse da bola e avança rapidamente em direção ao gol, sem deixar espaço para a armação da defesa do time adversário. Essa jogada extremamente emocionante foi a metáfora escolhida para narrar a trajetória da modalidade, proibida por decreto-lei no Brasil por décadas. 

Logo na entrada da exposição o público vai entender o contexto de preconceito e machismo que levou ao decreto-Lei assinado pelo presidente Getúlio Vargas proibindo às mulheres “a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. O ator Antonio Fagundes e a atriz Patrícia Pillar interpretam em áudio cartas publicadas em jornais de 1940, respectivamente contra e a favor do futebol de mulheres, ilustrando como a opinião pública debatia a questão.  

A exposição mostra como as mulheres brasileiras deram um jeito de continuar jogando mesmo sob a proibição - por exemplo, em partidas disputadas como atrações de circo. Em seguida, os visitantes verão como a modalidade começa a se desenvolver depois que a proibição caiu, em 1979, e especialmente após a regulamentação, em 1983, com muita precariedade e falta de apoio até o final da década de 2010 - basta lembrar a Seleção Feminina de Futebol que jogou com uniformes da Seleção masculina até 2019, quando finalmente foi desenvolvido um modelo próprio para mulheres.  

O público verá também um apanhado de frases preconceituosas publicadas pela imprensa e vistas nas redes sociais até hoje sobre mulheres que jogam bola. Na instalação audiovisual, as frases são reescritas para deixar de fora palavras negativas e preconceituosas contra mulheres que jogam bola. Uma coleção de jogadas incríveis mostra o jogo bonito desenvolvido por mulheres apesar das adversidades, e deixam claro o que a modalidade poderia ser hoje não fossem as décadas de proibição e falta de apoio.     

Homenagem a Araraquara  

A edição itinerante de “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol” faz uma homenagem a Araraquara e à Associação Ferroviária de Esportes, que por muito tempo foi o único clube brasileiro a investir de maneira consistente no futebol de mulheres. A equipe feminina foi estabelecida em 2001, muito antes de a FIFA exigir dos clubes que disputam campeonatos oficiais que mantivessem times de mulheres.  

Um grande painel da exposição será dedicado a contar essa história, que começa antes mesmo do protagonismo da Ferroviária, com informações inéditas sobre a presença de mulheres jogando bola na cidade nas décadas de 1970 e 1980 com as equipes Mazaroppi, nome do dono de uma oficina local que passou a promover preliminares femininas e fomentar a criação de outras equipes entre as cidades da região. 

O público também poderá ver de perto o troféu da Libertadores Feminina conquistada pelas Guerreiras Grenás em 2015, além dos uniformes de 2014 e de 2004, este último ano em que a equipe foi campeã paulista pela primeira vez. 

Pebolim de mulheres no SESC 

A itinerancia de “CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol” em Araraquara também está no SESC da cidade. O Museu do Futebol levou para lá um pebolim feito com jogadoras, desenvolvido especialmente a pedido do Museu, já que a versão com mulheres não existe no mercado até hoje. O fato mostra como o futebol ainda é naturalizado no Brasil como um esporte só de homens. O pebolim de mulheres normalmente fica na sala Números e Curiosidades, do Museu do Futebol, e foi transportado especialmente para a exposição. O jogo poderá ser usado livremente pelos frequentadores do SESC Araraquara.  

SERVIÇO   

Biblioteca Municipal Mário de Andrade 

R. Carlos Gomes, 1729 - Centro, Araraquara-SP 

Segunda a sexta, das 9h às 19h, sábados e domingos, das 10h às 16h.  

GRÁTIS 

 

SESC Araraquara 

Rua Castro Alves, 1315, Quitandinha, Araraquara 

Segunda a sexta, das 9h às 19h; sábados e domingos, das 10h às 16h.  

GRÁTIS  


SOBRE O MUSEU DO FUTEBOL   

Localizado numa área de 6.900 m² no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho – o Pacaembu, o Museu do Futebol foi inaugurado em 29 de setembro de 2008 e já recebeu mais de quatro milhões de visitantes. Sua exposição principal, distribuída em 15 salas temáticas, narra de forma lúdica e interativa como o futebol chegou ao Brasil e se tornou parte da nossa história e nossa cultura. É um museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, concebido pela Fundação Roberto Marinho e administrado pela Organização Social de Cultura IDBrasil Cultura, Educação e Esporte.    

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