Primeira democracia racial do futebol Brasileiro, a Associação Atlética Ponte Preta – que já tinha jogadores e dirigentes negros desde sua fundação, em 1900 – comemora neste 20 de novembro (quinta-feira) o Dia da Consciência Negra e, para marcar a data, presenteou nesta semana com uma camisa da equipe o líder africano Oba Al-Maroof Adekunle Magbagbeola, Olumoyero II, considerado Rei de Efon, Estado de Osun, na Nigéria.
Em sua primeira passagem pelo Brasil, o Rei Oba visitou Campinas com a missão de reaproximar o Povo Tradicional de Matriz Africana de comunidades brasileiras, em especial o Yorubá, que tem origem nigeriana e cujas ligações foram cortadas durante a diáspora provocada pela escravidão. A nação africana é habitada por mais de 500 grupos étnicos, dos quais os três maiores são os hauçás, os igbos e os yorubás.
``O rei lembrou a necessidade de se resgatar os laços entre os dois países e saiu em defesa do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas de ensino fundamental e médio do Brasil. Acompanhamos a visita dele na Câmara Municipal, no último dia 18, e o saudamos com uma camisa da Macaca, que foi o primeiro time pelo qual negros atuaram no futebol brasileiro”, conta o vice-Presidente do Conselho Deliberativo, Tagino Alves dos Santos. A visita à Câmara contou as presenças de vários líderes religiosos, comunitários e estudiosos e militantes de movimentos sociais.
Na Macaca de Campinas nunca houve discriminação, ao contrário do que ocorria por todo o Brasil nas equipes esportivas nos primeiros tempos do futebol. Já no primeiro elenco que usou o manto sagrado alvinegro, lá estava o meia Miguel do Carmo, nascido em Jundiaí e fiscal da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Migué, como era conhecido, defendeu as cores alvinegras até 1904, quando se mudou da cidade. Deixou Campinas e entrou para a história como o primeiro negro a jogar futebol em um time profissional.
Em agosto deste ano, durante a festa de 114 anos de aniversário do time, o filho de Migué - seu Geraldo, de 87 anos - subiu ao palco para receber o título de cidadão pontepretano em memória do pai. A honraria é anualmente concedida a pessoas e instituições que enlevam o nome da Ponte Preta ou prestam serviços relevantes ao time. Não há dúvida de que Migué do Carmo fez ambos.
Um Rio de Patrimônios. Rio de Janeiro RJ.
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