Amigos, eu recebi um texto da assessoria de imprensa do São Caetano, que está no site oficial, e quero dividir com vocês uma ótima entrevista com o presidente Nairo Ferreira de Souza, um dos fundadores do clube. Confira, na íntegra, o material enviado pelo Anderson Rodrigues, que faz belo trabalho no Azulão.
Poucos clubes no futebol obtiveram tanto destaque em tão pouco tempo. Em apenas 20 anos de história, o São Caetano percorreu o Interior nas divisões intermediárias, viajou pelo Brasil, levou o nome da cidade ao continente, ao mundo, com a Libertadores da América.
No dia 4 de dezembro de 1989, foi fundado numa pequena cidade de apenas 15km², na divisa com a maior capital da América Latina. Cidade que se desenvolveu, com o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil, conhecida por sediar grandes indústrias, mas principalmente por algo tão importante na vida dos brasileiros: o futebol.
O São Caetano sempre caminhou sozinho, com o apoio dos fanáticos torcedores, como o presidente de honra e já falecido, o ex-prefeito Luiz Olinto Tortorello, um apaixonado. Na sua sala de troféus, o clube é um pequeno gigante. Campeão Paulista das Séries A-3 (1991 e 1998), A-2 (2000) e da A-1 (2004), conquistou o coração do País a partir de 2000, quando foi considerado o campeão de honra da Copa João Havelange, numa final tumultuada com o Vasco com a queda do alambrado de São Januário, no Rio.
Prova de sua força ocorreu no ano seguinte, em sua estreia no Campeonato Brasileiro da Série A, ao chegar à final com o Atlético-PR e bater o recorde de público em seu estádio, o Anacleto Campanella, com 20 mil torcedores empurrando o Azulão, apelido carinhoso, de uma ave que sempre quer alçar voos mais altos.
No ano de 2002, o mundo conheceu o São Caetano, finalista do maior torneio interclubes da América. O vice-campeonato da Libertadores, obtido contra o Olímpia, foi uma conquista, um feito não obtido até hoje por grandes clubes do Brasil. O comandante de boa parte destas glórias foi o técnico Jair Picerni, com destaque para o goleiro Silvio Luiz (recordista com 451 jogos) e o atacante Adhemar (maior artilheiro da história, com 68 gols).
O auge ocorreu em 2004. Sob o comando de Muricy Ramalho, a equipe ergueu a taça do Paulistão, maior campeonato estadual do País, diante do Paulista de Jundiaí. Três anos depois, foi vice ao ser derrotado pelo Santos.
O São Caetano completa 20 anos nesta sexta-feira (04/12/2009). Abaixo, segue a entrevista feita pelo site oficial do clube com o presidente Nairo Ferreira de Souza, um dos fundadores, posteriormente diretor e, desde 1995, presidente de um adolescente, que luta para conquistar mais glórias.
Nairo, qual o balanço após 20 anos de história?
NAIRO – Passamos por muitas dificuldades no começo. Não surgimos na elite conquistando títulos. Tivemos que rodar São Paulo de ônibus, viagens longas, com elencos que jogavam por amor. Prefiro não citar nomes, mas dedico esta comemoração, este sucesso, às pessoas que sempre acreditaram no nosso sonho: de ser um clube de ponta, que colocaria medo aos grandes. E isso nós conquistamos.
Quais foram os momentos mais marcantes destes 20 anos?
NAIRO – Depois de lutarmos em campos ruins e conquistarmos os acessos no Estadual, o jogo do Fluminense (pela JH, em 2000) marcou. O gol do Adhemar, que calou o Maracanã, mudou o rumo da nossa história. Estávamos num início de trabalho profissional e numa final de um campeonato nacional, contra o Vasco! Com trabalho e dedicação da diretoria, apoio da Consul (patrocinador) e dos poucos, mas fanáticos torcedores, levantamos voo. Quase fomos campeões brasileiros novamente (2001) e por muito pouco não erguemos a taça da Libertadores (2002), que nos levaria ao Mundial. Seria algo fantástico. Mesmo assim, passamos a ser respeitados, dentro e fora do País. Sem dúvida, o título do Paulista (2004) nos colocou entre os melhores times do Estado, que possui o melhor futebol do Brasil.
Como foi a transição do futebol para empresa e como o clube sempre manteve bons jogadores, treinadores e competitividade em campo?
NAIRO – O apoio da prefeitura sempre existiu em relação ao estádio, à aproximação com a população da cidade. Mas o clube sempre foi auto-suficiente. Nunca gastou mais do que arrecadou. Com um patrocínio fiel da Consul, que sempre esteve conosco, e com as cotas da televisão e dos prêmios com as conquistas, nos mantivemos com jogadores de ponta, muitos de seleção, e com técnicos de nome, como Muricy, Leão, Nelsinho, Jair, Dorival, entre outros. E nunca escondemos que somos o pioneiro em se tornar clube-empresa (tornou-se São Caetano Futebol Ltda em 2004, com a Lei Pelé). Se temos um jogador de potencial e somos procurados, fazemos negócio. Qual clube nega uma boa proposta? Sempre fomos criticados por isso, mas manter o futebol custa caro, ainda mais fora de uma Série A.
Além da morte do Serginho (2004), outro fato triste foi a queda do São Caetano para a Série B em 2006. Quais foram as maiores dificuldades para manter o ritmo?
NAIRO – A morte do Serginho foi uma fatalidade. Era uma pessoa amada por todos que conviviam com ele. O processo no STJD, que puniu eu e o médico Dr. Paulo, mexeu psicologicamente, sim. Usaram o São Caetano como exemplo. No fim, a Justiça Comum provou que não tivemos culpa alguma. Fomos inocentados. Mas continuamos trabalhando, ao lado do vice (Luis de Paula, o Batata), do diretor de Futebol (Genivaldo Leal) e do supervisor de Futebol (Carlos Eiki Baptista). Tanto que fomos vice do Paulistão em 2007! A dificuldade aconteceu com a queda no Brasileiro, devido às cotas. Um time que está na Série A e faz parte do clube dos 13 recebe cerca de R$ 20 milhões, enquanto ganhávamos pouco mais de R$ 3 milhões. Na Série B, não passa de R$ 400 mil/ano. No Paulista, a diferença também é enorme. Como montar um elenco do mesmo nível? Esta é a dificuldade, o desafio, algo que buscamos a cada dia para repetir o feito de 2004 no Paulistão e voltarmos à elite no Brasileiro.
Quais os planos para o futuro? Haverá grandes investimentos?
NAIRO – O nosso objetivo é montar um elenco forte, que venha com identificação com a nossa camisa, respeitando nossa história. Já estamos trabalhando com o Antônio Carlos Zago (técnico) para brigar por uma das quatro vagas nas semifinais do Paulistão 2010. Dentro da nossa realidade financeira, não vamos fazer loucuras. Não adianta trazer jogador de nome. Quem vier jogará para conquistar espaço, sonhar com um futuro melhor. Vamos também dar oportunidade aos meninos da base (Wendell, Amoroso, Romário e João Gabriel já integram o profissional). Temos uma espinha dorsal, de atletas que mostraram qualidade e que merecem ficar, e vamos completar com jogadores de qualidade. É difícil, mas estamos atrás. Depois disso, é manter uma equipe competitiva para voltarmos à elite do Brasileiro já em 2010. Passou da hora. Se isso acontecer, teremos mais receita para investir num time forte, que volte a trazer alegria ao torcedor.
Falando em torcedor, qual o recado o senhor deixa aos que seguem o Azulão desde 1989, ou que se apaixonaram recentemente?
NAIRO – Nossa média de torcida ainda é pequena. Passamos de cerca de 700 para 1300 neste Brasileiro, com promoções e aproximação com os torcedores. O Santo André, por exemplo, assim como o Barueri, times que estão na Primeira Divisão Nacional, tem médias pequenas. Isso tem uma explicação: são equipes sediadas, que fazem divisa com São Paulo. O torcedor é palmeirense, são-paulino, santista e corintiano. São poucos os que torcem só para o São Caetano. Por isso, acho que a receita é conquistar títulos, trazer a nova geração, já que temos mais de 200 escolinhas pelo País, fazer promoções e não obrigá-lo a torcer só por nós. Ser o segundo time do coração do País é um orgulho. No futuro, podemos ser o primeiro, com muitas glórias. Isso depende de muito trabalho nosso e do apoio do morador da cidade. Tenho certeza que estes 20 anos valeram a pena e os próximos serão ainda melhores. Podem acreditar.
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