terça-feira, 28 de setembro de 2010

Parceria do Rio Claro está por um fio

O Rio Claro corre o risco de não ter elenco para mandar a campo na copa São Paulo de Futebol Júnior, em janeiro de 2011. E, principalmente, ficar sem jogadores para disputar o Campeonato Paulista da Segunda Divisão (Série A-2) na próxima temporada. Tudo por causa da parceria com a empresa C2B Sports, que já não conta mais com o ex-jogadore César Sampaio.

Confira abaixo uma entrevista, na íntegra, com André Barros, um dos proprietários da empresa C2B Sports, que foi publicada no Jornal da Cidade, de Rio Claro, falando do futuro e de alguns problemas envolvendo a parceria.

Jornal da Cidade - Quando a C2B Sports chegou a Rio Claro, fez de tudo para passar a imagem de uma empresa séria e sempre afirmou que ficaria na cidade, no mínimo, por cinco anos. O que mudou neste quase um ano? Teve algum acontecimento que fez as coisas mudarem o rumo, além da queda?

Barros - Não fizemos nada para parecermos sérios, pois somos realmente uma empresa séria e demonstramos isso na nossa relação com o mercado. Estamos há mais de seis anos no mercado e realizamos diversos negócios no Brasil e no exterior.
Participamos na gestão do Guaratinguetá durante os primeiros anos do progresso do clube no cenário nacional. Temos abertura em clubes de todo o mundo e fizemos no ano de 2009 um projeto de 90 dias com o Mogi Mirim na Europa. Sempre buscamos uma aproximação com a cidade e o torcedor, por meio de promoções nos jogos e projetos assistenciais, como os da parceria com a Fundação Casa. Fizemos também ações assistenciais isoladas, como a doação de cadeira de rodas para um deficiente físico da cidade, e nos predispusemos a trabalhar com as escolinhas da prefeitura, entre outras. Tivemos algumas surpresas negativas com relação às contas apresentadas no início dos trabalhos, da relação com a cidade e etc. A queda não foi fator determinante, pois já estávamos cientes do risco quando optamos por ter um clube sem dívidas e montar um time para buscar melhor posição no campeonato.

JC - Os últimos acontecimentos envolvendo vocês e o RCFC deixaram os torcedores com mais receio ainda que quando vocês chegaram em 2009. Houve falha no planejamento?

Barros - O receio do torcedor é algo inexplicável, sendo que sempre estivemos próximos do clube, mantivemos uma estrutura toda voltada para o clube, mas o torcedor é passional e às vezes não têm conhecimento do que envolve o dia a dia.

JC - Vocês tinham um plano, caso caíssem para a Série A-2 (Segunda Divisão)? Ou vocês apostaram todas as fichas que ficariam na A-1?

Barros - A possibilidade era real e sabíamos o que poderia acontecer. Optamos devido ao pensamento em longo prazo manter o clube sem dívidas e devolver a credibilidade para o Rio Claro no mercado.

JC - A versão que chegou em Rio Claro é que vocês acabaram investindo mal o dinheiro, e o outro investidor (que é de Santa Catarina, mas ninguém fala o nome e, segundo informações, é quem tem a maior parte da empresa) não gostou disso e acabou tendo que tomar a frente do negócio, cortando os gastos drasticamente. Até onde isso é verdade?

Barros - Houve erros, sem dúvida. Mas voltado para o foco dos atletas que contratamos e alguns acordos que foram feitos, e por isso ocorreram grandes mudanças internas. O investidor participa e sempre participou ativamente da gestão da empresa, e os cortes de gastos são normais devido à grande redução das receitas da empresa em face de queda, temos que trabalhar sempre dentro de orçamentos e previsões de entradas e saídas, como qualquer empresa.

JC - Por falar nesse investidor: como está a divisão da empresa hoje? Quem são os sócios? Quem põe dinheiro? De quem são as decisões?

Barros - A empresa teve a saída do César Sampaio do seu quadro societário e o Dr. Renato Romani se afastou da operação. O resto mantém-se como antes.

JC - Pelo que se pode perceber, a relação entre a C2B e o RCFC só se mantém pela questão financeira, pois as partes não estão falando a mesma língua. É isso mesmo?

Barros - Tenho conversas quase diárias com o José Carlos. Algumas vezes as informações não chegam a todos os conselheiros de um clube, que querem emitir opiniões sem saber os detalhes do processo que está em andamento. A relação é boa com o José Carlos e estamos sempre em contato, mas temos nossos objetivos e as situações contratadas que devemos seguir e respeitar.

JC - Como vocês veem essas contradições de informações que aconteceram nas últimas semanas, como por exemplo no caso da mudança de jogos para Águas de Lindóia? Vocês disseram que era por causa do gramado, e o RCFC informou que a C2B pediu devido a questão financeira.

Barros - Na verdade, são as duas coisas. Não vejo contradição. Não só o gramado, mas todo o estádio precisa de reforma urgente, pois como está não será possível disputar nenhuma competição naquela praça. Em contrapartida, a ida para Águas de Lindóia realmente minimiza os gastos, haja vista que temos toda uma estrutura montada naquela cidade.

JC - A empresa está tentando pressionar o clube a romper o contrato? Segundo informações, vocês estariam tentando isso para receber de volta o dinheiro investido na A1 e ao pagamento das dívidas. Isso é verdade?

Barros - Não está tentando pressionar, até porque todas as situações estão previstas em contrato. Temos um acordo bem firmado com o clube e seus representantes que nos deixa muito confortáveis para tomarmos nossas decisões.

JC - Pelo que a diretoria do RCFC informou, não há um contrato em si, mas existe uma carta de intenções, pela qual José Carlos Baungartner se compromete financeiramente com a C2B. Como está definida essa carta? Quais são os compromissos de cada parte?

Barros - Deve ser um entendimento equivocado por parte da diretoria do RCFC, pois toda carta de intenção é, juridicamente, um contrato tácito entre as partes, e como tal orienta os destinos da parceria.
No contrato/carta existem os deveres e obrigações das partes. Existem as nossas obrigações, que por sinal foram plenamente atendidas, e as do RCFC.

JC - O próprio José Carlos Baungartner disse que não existe nenhum documento assinado que dê poder a vocês de levarem o clube para outro município, caso o RCFC não concorde com isso. É isso mesmo? De onde saiu a história de que isso poderia acontecer? Sabemos que não foi da imprensa de Rio Claro, como foi noticiado.

Barros - Novamente a posição do RCFC está equivocada. O documento prevê que somos os detentores dos direitos do clube. Dessa forma, a decisão de manutenção do clube na cidade ou não é de inteira responsabilidade de C2B Sports.

JC - O que vocês querem do clube? Pois está claro que a atual situação não agrada à C2B.

Barros - Nós tínhamos um grande projeto para o Rio Claro. Não está sendo possível colocá-lo em prática e os motivos já foram devidamente assinalados.

JC - E os garotos? A informação é de que 90% são de vocês e 10% do RCFC, e que, caso a C2B não aceite cedê-los para a disputa da Copa São Paulo, ela também não poderá utilizá-los em nenhum outro time, pois estão inscritos pelo RCFC. É isso mesmo?

Barros - Eles realmente não poderiam disputar a Copa São Paulo por outro clube, mas podemos movê-los para qualquer outro clube para os outros campeonatos, à medida da nossa necessidade e nosso planejamento.

JC - Como está o planejamento do profissional para 2011?

Barros - Ainda está indefinido. Tivemos uma conversa com o José Carlos e as coisas estão pendentes de uma decisão única e exclusiva dele. Enquanto isso não acontecer, estamos com o planejamento parado.

JC - E a situação do estádio? Vocês já estão vendo isso?

Barros - O estádio é da Prefeitura e cabe a ela analisar as obras de reestruturação necessárias.

JC - Sem rodeios, quais são as chances da empresa continuar com o RCFC? Avaliando, foi um bom investimento, ou vocês estão arrependidos?

Barros - Ainda somos os detentores dos direitos do clube, no entanto vejo com muita dificuldade a permanência, devido à quebra dos acordos feitos e à falta de comprometimento da cidade com o clube.

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