Ao lado dos amigos Odinei Ribeiro e Joanna de Assis, trabalhei no último sábado (9/6) na transmissão da partida entre Palmeiras x Atlético-MG, no Pacaembu, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo foi exibido para todo o Brasil pelo Premiére. Foi a estreia de Ronaldinho Gaúcho com a camisa do Galo após a sua saída conturbada do Flamengo.
Em determinado momento, durante o segundo tempo, fui indagado por Odinei Ribeiro a respeito da confusão envolvendo Ronaldinho Gaúcho e Flamengo. De imediato eu disse que respeitava muito a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, como pessoa e ex-atleta, mas afirmei que ela vinha fazendo um trabalho fraco no comando do clube e deveria se preocupar em pagar os salários em dia para evitar problemas futuros.
Nesta segunda-feira à tarde, quando estava na Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo, recebi no meu celular uma ligação. Do outro lado da linha, do seu celular, Patrícia Amorim disse que gostaria de conversar comigo para explicar a situação financeira do Flamengo e perguntou se eu podia atendê-la.
Com alto astral, muito respeito e atenção, Patrícia Amorim disse que estava assistindo à partida entre Palmeiras x Atlético-MG, ouviu atentamente o meu comentário e gostaria de dar a versão oficial a respeito da saída do Ronaldinho Gaúcho e das atuais pendências financeiras do Flamengo.
Patrícia Amorim iniciou sua explicação falando do Ronaldinho, que, de acordo com a presidente, embolsava R$ 1 milhão mensais.
``O Flamengo pagava R$ 250 mil ao Ronaldo e a Traffic pagava R$ 750 mil. Mas após o rompimento da parceria, a Traffic deixou de pagar a sua parte e o Flamengo assumiu a dívida do parceiro nos últimos cinco meses. Quitei a dívida da Traffic, mas a partir de fevereiro não tive mais como pagar o salário do Ronaldo´´, explicou a presidente.
Patrícia assumiu a dívida e alega que sabia que essa situação estava insustentável. Porém, por ter deixado as portas abertas para receber todos os jogadores, ela não esperava que Ronaldinho Gaúcho deixasse o clube por ordem judicial.
``Eu sabia, durante os preparativos para o Brasileiro, que aquela situação do Ronaldinho não podia continuar. Mas poderíamos ter conversado e encontrado uma saída. O Flamengo está sem o seu patrocinador master e assim que definirmos essa situação pagaremos todas as nossas pendências´´, justificou.
A partir do momento em que Ronaldinho Gaúcho foi para a Justiça, o Flamengo não pagará mais nada. Patrícia Amorim deixou o assunto para ser resolvido pelo departamento jurídico do clube.
``O caso está na Justiça. Não depende mais de mim, do Flamengo e do Ronaldinho. O que for determinado pela Justiça será feito. Só lamento que a saída do Ronaldinho tenha acontecido de uma maneira tão triste´´, comentou.
Patrícia Amorim fez questão de afirmar que os salários dos jogadores estão em dia. Além da pendência financeira com o Ronaldinho Gaúcho, o único problema a ser contornado é com o atacante Deivid.
``Hoje eu posso afirmar que Flamengo está com os salários em dia no clube. Temos a pendência do Ronaldinho, que será tratada na Justiça, e o problema com o Deivid. Na verdade, a dívida com o Deivid vem desde a época que o Zico estava no clube. O jogador buscou os seus direitos na Justiça, mas já estamos conversando. Tenho certeza que chegaremos a um acordo em breve´´, afirmou Patrícia Amorim.
Outra dívida que a presidente do Flamengo reconhece com o elenco é referente a participação do clube na Libertadores.
``Já pagamos mais de 2/3 do que devíamos ao elenco pela classificação para a Libertadores. Falta apenas a última parcela, mas está tudo de acordo com o que foi combinado com o grupo´´, revelou.
A presidente do Flamengo contou ainda que existem mais de 80 jogadores com vínculo com o clube, entre o elenco profissional e as categorias de base. E praticamente todos recebem o salário, na íntegra, na carteira profissional, como manda a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).
``Temos apenas quatro jogadores que, além do salário, recebem também direito de imagem. O Ronaldinho Gaúcho, que já não está mais no Flamengo, o Deivid, que estamos tentando acertar a dívida que temos com ele, o Vágner Love e o Felipe. Os demais recebem pela CLT. Está tudo em dia´´, assegurou.
Assim como acontece com Corinthians e São Paulo, que estão sem o seu patrocínio master na camisa, o Flamengo também está com problemas para conseguir um parceiro para estampar o seu uniforme.
``O mercado está difícil. Temos um valor em mente, que é o quanto vale o nosso manto sagrado, mas não conseguimos nenhuma acordo. Os clubes pequenos podem colocar qualquer marca, por um valor menor. O Flamengo tem seus custos e o seu valor. Estamos correndo atrás de um parceiro. Assim que fecharmos o nosso patrocínio master, podem apostar, que todas as dívidas serão sanadas no clube´´, ressaltou.
Para finalizar o papo agradável com Patrícia Amorim, que foi muito atenciosa e receptiva a todas as perguntas, eu agradeci a consideração pelos profissionais do SporTV. Disse que fiquei feliz por ela ter ouvido a minha crítica e se prontificado a explicar a atual situação financeira do Flamengo.
``Sou presidente do Flamengo e estou acostumada a levar pancadas. Respeito toda crítica construtiva. Podem falar que o meu trabalho é fraco, que isso ou aquilo está errado. Mas o canal de comunicação comigo está sempre aberto. Atendo todos os jornalistas que cobrem o clube e procuro explicar o que acontece diariamente no Flamengo. Não tenho motivos para esconder nada. Anote e meu celular na sua agenda e me ligue sempre que precisar de algo´´, disse, em tom gentil Patrícia Amorim.
A presidente ainda pediu para eu procurar os líderes do elenco, entre eles, o Leo Moura.
``Pode perguntar para os jogadores se o que estou te falando é verdade. Eles falarão para você que o que te expliquei é a mais pura verdade´´, frisou.
De imediato, é claro, eu disse que jamais faria isso. Após um bate papo de alto nível, eu não tinha motivos para duvidar da palavra da presidente.
Nos despedimos e fiquei com uma ótima impressão de Patrícia Amorim. É possível analisar os prós e contras de sua administração no comando do Flamengo. Mas agora tenho uma certeza. Ela é uma mulher de coragem, que assimila críticas construtivas e está sempre aberta ao diálogo. O futebol seria um meio melhor para trabalhar se todos os dirigentes agissem da mesma maneira.