Na última segunda-feira, o craque Rivaldo, presidente do Mogi Mirim, que está em Dubai em pré-temporada com Bunyodkor, do Uzbequistão, publicou uma mensagem em seu blog (http://rivaldo10bunyodkor.blogspot.com) sobre a estreia do Mogi Mirim no Paulistão e a mudança de nome do estádio do Sapo, que deixará de ser Papa João Paulo II e será chamado de Romildo Vitor Gomes Ferreira, seu pai, já falecido. A decisão inclusive, já foi aprovada em assembleia.
Em entrevista concedida ao site do Mogi Mirim, em brilhante trabalho da jornalista Camila Caetano, Rivaldo explicou a decisão de homenagear o pai.
- Hoje eu sou um jogador profissional, consegui tudo o que consegui no futebol através dele. Foi uma pessoa que me deu muita força desde pequeno e nada melhor do que ter essa oportunidade de fazer essa homenagem a meu pai – explicou.
Segundo o presidente, seu intuito era devolver à arena do Sapo o nome do ex-presidente Wilson Fernandes de Barros, falecido em 2008. Porém, a família Barros não aceitou a sugestão de Rivaldo.
- É claro que eu pensei em colocar o nome do Wilson Fernandes de Barros, que era o presidente do Mogi Mirim antes. Mas como a família não aceitou, falou que não era necessário colocar para não virem lembranças, eu pensei que para não ficar uma coisa ruim depois que eu colocasse o nome do ex-presidente Wilson, uma pessoa que fez história no Mogi Mirim por 27 anos, eu decidi depois colocar o nome do meu pai e dar uma homenagem a meu pai – justificou Rivaldo.
Confira abaixo o comunicado postado pelo presidente Rivaldo em seu blog, na íntegra:
“Primeiramente gostaria de dizer que tive a oportunidade de ver o jogo do Mogi Mirim ao vivo aqui em Dubai contra o Palmeiras, pois passou em um canal daqui. Fiquei realmente muito nervoso, ser presidente é muito mais difícil do que ser jogador. Sei que foi um jogo difícil, pois jogar com um time como o Palmeiras e ainda mais na casa deles sendo na primeira rodada não é nada fácil.
Tivemos muitos erros, mas gostaria de dizer que estou confiante, temos ótimos jogadores e nossa equipe está bem entrosada. Não podemos avaliar através do jogo passado, pois sabemos que todos erraram de ambos os lados. Fui jogador de time pequeno e grande e sei que na dúvida sempre ganha o maior, mas isso não é uma desculpa.
No tempo que fiquei no Brasil acompanhei de perto o início do trabalho do profissional, e realmente gostei muito do que vi. Vou continuar apostando no Mogi, temos uma boa equipe e com certeza podemos ir bem longe.
Também gostaria de fazer um comunicado que estarei trocando o nome do estádio Papa João Paulo, do Mogi, para o nome do meu pai Romildo Vitor Gomes Ferreira, pois tenho um grande desejo em meu coração de fazer esta homenagem para o grande homem que meu pai foi, é e sempre será para mim, pois foi ele o primeiro que acreditou em mim. Infelizmente ele não viveu para ver a história que fiz no futebol, mas gostaria de expressar minha eterna gratidão ao maravilhoso pai que tive. Gostaria que todos pudessem me compreender. Jamais quis desrespeitar alguém com essa minha decisão, somente foi uma maneira que tive de poder homenagear o grande homem que foi meu pai.
Que a Paz do Senhor Jesus esteja com cada um.”
Nesta quinta-feira à noite, o Mogi Mirim fará sua estreia em casa no Paulistão 2010. Após a derrota diante do Palmeiras, o Sapo buscará a reabilitação contra o Rio Branco. A partida aconteceá às 19h30.
O presidente Rivaldo pediu o apoio dos torcedores mogimirianos para empurrar a equipe.
- Necessitamos da torcida. Eu preciso da torcida para ajudar os meus jogadores em campo para conseguir as vitórias e daí sim a gente vai subindo de categoria. Vamos fazer um bom Campeonato Paulista, vamos para a Série D (do Campeonato Brasileiro) e depois daí em diante”, acrescentou o presidente do Sapo, cujo sonho é levar o clube à primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
Confira a entrevista de Rivaldo ao site oficial do clube:
Rivaldo, nesta quinta-feira o Mogi Mirim fará sua estreia em casa nesta edição do Paulistão. Você gostaria de deixar alguma mensagem aos torcedores? No Futebol Solidário, realizado em dezembro, nós vimos o estádio praticamente cheio, em uma grande festa. O que você espera dessa torcida agora? É repetir a festa que os torcedores fizeram nas arquibancadas naquele dia?
Rivaldo: É um jogo totalmente diferente. Aquele foi um jogo de festa, com muitos jogadores famosos e todo mundo quer ver os jogadores. Eu sei que é diferente. Jamais, em pouco tempo, o Mogi Mirim vai lotar esse campo em um jogo do Mogi Mirim. Mas é meu sonho ainda fazer um jogo do Mogi Mirim, entrar em campo e ver 18 mil pessoas no campo. Mas eu acho que ainda é cedo. Eu tenho esperança, com trabalho, que o Mogi Mirim vai fazer um bom trabalho. Mas eu quero que a torcida compareça. Se vier 40%, 50% daquela torcida, eu já estou feliz. Porque é pouco a pouco. Futebol é assim. E a torcida do Mogi Mirim, eu sempre falo, que primeiro tem que torcer para o Mogi Mirim e depois para os outros clubes. É difícil fazer um trabalho com muita dificuldade. Eu estou tendo muita dificuldade como qualquer outro presidente. Então, por isso, você tem que torcer pelo seu clube. Agora tem esse carnê. É uma promoção, nove jogos em casa por R$ 150,00s. Não que o torcedor só venha nos jogos do Santos, do Corinthians. Os torcedores do Mogi Mirim necessitam vir assistir os nove jogos. Com 5, 6, 7 mil pessoas eu já vou estar feliz, porque a cada ano temos que crescer. E um dia vamos lotar o campo do Mogi Mirim, sem precisar fazer festa, sem precisar trazer jogadores famosos. Que seja num jogo do Mogi Mirim contra qualquer outro time, que a gente possa encher o campo sem precisar fazer festa.
Você não joga mais no Mogi Mirim, mas ainda é um jogador. Você poderia descrever o que significa para um jogador atuar com o apoio da torcida?
Rivaldo: É fundamental. Acho que jogar num campo vazio para o jogador é muito triste. E ainda jogar com o campo vazio e depois ter que escutar as críticas da imprensa, as críticas de alguns torcedores quando está na rua. Então todos os jogadores ficam muito tristes e dizem: ‘como é que pode me vaiar, como é que pode me xingar na rua se não estava no campo?’. Os jogadores ficam muito tristes com isso. Os jogadores gostam de jogar com o campo com bastante gente, porque daí a torcida pode criticar, a imprensa. Mas jogar com um campo vazio é muito triste. Para um jogador é muito triste e acho que para a própria cidade, porque a gente vê clubes com menos estrutura que o Mogi Mirim e com mais gente em campo. Então, com a estrutura que o Mogi Mirim tem, com o pensamento da diretoria, com o meu pensamento de fazer do Mogi Mirim um time grande. Eu tenho um sonho e espero conquistar o meu sonho, conseguir chegar na Primeira Divisão do Brasileiro um dia. Mas é claro, sozinho é difícil. Eu preciso da torcida para ajudar os meus jogadores em campo para conseguir as vitórias e daí sim a gente vai subindo de categoria. Vamos fazer um bom Campeonato Paulista, vamos para a Série D e depois daí em diante. Mas necessitamos da torcida. A torcida é fundamental. Para os jogadores, jogar em casa, com a torcida, isso favorece o time da casa.
Você está há pouco mais de um ano à frente do Mogi Mirim. Como você se sente? O que almeja conquistar com o clube?
Rivaldo: Estou feliz, estou muito feliz em ser o presidente do Mogi Mirim. Espero que a torcida esteja contente, a cidade, que me ajudem vindo ao campo ajudar os jogadores. É difícil pra mim ser o presidente de longe. É muito duro. Sofri por ficar longe, preferiria sofrer aqui. Mas é uma profissão, é o meu trabalho, que eu gosto de jogar futebol. E enquanto Deus está me dando saúde para jogar futebol eu estou jogando. Mas a minha vontade é voltar, estar aqui com o grupo, estar acompanhado os jogos, ser o presidente de perto, porque de longe é muito difícil. Então, espero um dia retornar e participar, porque é tão gostoso participar. Fiquei cinquenta e poucos dias em Mogi Mirim, não deu tempo nem de ir pra Recife visitar a minha família. Tive que mandar a minha família vir pra Mogi Mirim. Passei as minhas férias todas aqui em Mogi Mirim. Então, estou muito feliz. E quero ficar por muito tempo e realizar o meu sonho, porque em toda a minha carreira eu conquistei tantas coisas. Quem diria eu, quando era moleque, chegar a ser o melhor do mundo. É muito mais fácil o Mogi Mirim chegar à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro do que um jogador normalmente chegar um dia ser o melhor do mundo. Isso eu conquistei. Por que não conquistar com o Mogi Mirim e ir para a Primeira Divisão? Então, eu tenho um sonho e vou em busca do meu sonho. Eu acredito, e com o apoio da torcida, da imprensa, das pessoas que gostam do esporte e que gostam de mim, que vão querer ajudar o Mogi Mirim, posso um dia colocar o Mogi Mirim na Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro.