O Mogi Mirim, comandado pelo saudoso presidente Wilson Fernandes de Barros, foi a sensação do futebol paulista no início da década de 90. O técnico Vadão, seguindo os passos da seleção holandesa na Copa do Mundo de 74, inovou com o Carrossel Caipira, onde se destacavam Rivaldo, Leto e Válber.
Além do futebol empolgante, que contagiou a torcida e encantou a cidade, o Mogi Mirim passou a ser respeitado no cenário nacional. Foram vários acessos, diversas revelações negociadas a peso de ouro e muito sucesso.
Com a saída de cena de Wilson Fernandes de Barros, por motivos familiares, o Mogi Mirim voltou a ser apenas figurante na maioria das competições. Mas jamais envergonhou o seu torcedor.
Nem o craque Rivaldo, que ainda jogava bola ao comprar o clube e assumir a presidência, fez a equipe voltar a ser a mesma sensação que havia sido na década de 90. Mas sempre cumpriu seus compromissos com jogadores, funcionários e fornecedores.
Rivaldo pisou na bola ao relutar em voltar a jogar com a camisa do Mogi Mirim. Preferiu atuar no São Paulo e São Caetano, antes de voltar a atuar pelo Sapão. Isso só aconteceu quando a carreira já estava em declínio, mas o apelo de atuar ao lado do filho Rivaldinho e o carinho pela cidade e clube eram elogiados.
Rivaldo, alegando estar perdendo dinheiro, repassou o clube para grupo de empresários. E a derrocada do Mogi Mirim passou a virar realidade. Triste realidade para torcida, cidade e futebol paulista.
Com Luiz Henrique Oliveira no comando, o Mogi Mirim caiu da Série B para a Série C do Brasileiro. E foi despencando no cenário estadual, saindo do Paulistão para a Terceira Divisão (Série A-3).
A derrocada final e vexatória está acontecendo em 2017. Além do rebaixamento na Segunda Divisão do Paulista (Série A-2) no primeiro semestre, na Série C do Brasileiro o Mogi Mirim virou saco de pancadas e jamais abandonou a zona do rebaixamento, ficando com a lanterna nas mãos praticamente o tempo todo.
No último domingo (13/8), os jogadores, comissão técnica e funcionários, cansados de esperar pelo pagamento de diversos salários (em alguns casos de até sete meses), radicalizaram. Depois de avisarem o sindicato que a situação estava feia, os atletas se recusaram a entrar em campo. E deram WO diante do Ypiranga-RS.
A diretoria, assustada com a união do elenco, prometeu quitar parte dos salários ainda nesta semana. Mas nesta terça-feira (15), apesar de agendar reunião com o Sindicato e os jogadores, deu cano em todo mundo e remarcou para quarta-feira (16).
Os jogadores seguem irredutíveis. Se negam a entrar em campo no domingo (20), fora de casa, diante do Tupi, se não receberem pelo menos a metade dos salários atrasados.
O acordo financeiro precisa ser feito o mais rápido possível. Afinal, se voltar a não entrar em campo pela segunda vez consecutiva, pelo regulamento da Série C, o Mogi Mirim será eliminado da competição. E o vexame será ainda melhor para torcida, cidade e futebol paulista. Um verdadeiro caos!