segunda-feira, 9 de junho de 2014

Nelsinho Baptista alerta: ``O Japão não é só o Honda´´

O treinador brasileiro Nelsinho Baptista está em sua terceira passagem por clubes japoneses, fato que o credencia a analisar as projeções da seleção japonesa na Copa do Mundo do Brasil. Atualmente no Kashiwa Reysol, ele já trabalhou no Verdy Kawasaki e Nagoya Gramphus, conquistando a J-League (principal campeonato do país) por três vezes.

Foram passagens em três épocas distintas vividas pelos asiáticos e o técnico pode fazer análise detalhada sobre o desempenho do Japão, que disputará sua quinta Copa consecutiva – 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014.

Em 1994, Nelsinho assinou com o Verdy Kawasaki, em um período que futebol apenas engatinhava no Império do Sol Nascente, e conquistou três títulos por lá até 1996.

``O Japão tinha estrutura esportiva forte, mas ainda não tinha olhos para o futebol. Chegamos em uma época que eles começaram a abrir seu mercado e muitos brasileiros foram contratados. Acho que isso ajudou a melhorar a qualidade do campeonato local. Tanto que realizaram uma grande campanha nas eliminatórias para a Copa de 1998 e conseguiram sua vaga até então inédita´´, apontou.

Na França, os nipônicos tiveram pela frente Argentina, Croácia e Jamaica. Com os argentinos favoritos, os outros países, também estreantes em mundiais, brigariam pela segunda vaga. Mas as possibilidades promissoras não foram suficientes para conseguir somar pontos em sua primeira participação no torneio.

Quatro anos mais tarde, os asiáticos dividiram a organização da Copa com a Coreia do Sul. Mais experiente e anfitriões, conseguiram não apenas a primeira vitória no Mundial como também a primeira colocação de seu grupo, superando Bélgica (2 a 2), Rússia (1 a 0) e Tunísia (2 a 0). Caíram, porém no mata-mata contra a Turquia. No entanto, a triste não foi maior que o orgulho pelo bom no cenário futebolístico.

``Fui para o Nagoya em 2003 e a situação era completamente diferente da primeira estadia por lá. Por conta da Copa, os estádios foram modernizados e os times estavam muito fortes. A Seleção estava mais unida, consistente e tinha bons valores, como os irmãos Nakata, Ono, Inamoto, Suzuki, Yanagisawa e o Alex, que é brasileira naturalizado. Eles formaram a espinha do time para 2006 também´´, comentou.

Em 2006, o Japão tinha Zico como treinador. Ídolo do Kashima Antlers, ele foi determinante para a divulgação do futebol no país. No entanto, a representatividade do Galinho não foi suficiente para manter o mesmo nível de 2002. Austrália, Croácia e Brasil estiveram no caminho dos orientais, que apenas empataram com os europeus sem gols. No mais, derrotas por 3 a 1 para os representantes da Oceania e despedida com goleada para os brasileiros por 4 a 1.

``Daquele grupo, trabalhei com o Narazaki (goleiro) e com o Tamada (atacante) e sabia que tinham uma Seleção bem aplicada. Acho que faltou um pouco mais de confiança, ainda mais na estreia contra a Austrália. Qualidade eles tinham e talvez tenha faltado isso´´, avaliou.

No Kashiwa Reysol desde 2009, Nelsinho faturou cinco troféus no país e acompanhou de perto a preparação para a Copa de 2010. E viu o surgimento de um novo ídolo local: Keisuke Honda, que hoje defende o Milan, da Itália.

``Vi o crescimento da carreira do Honda desde o início, pois eu o lancei no time profissional do Gramphus, em 2004. Vi nele qualidades que o Nakata tinha e não deu outra. Os japoneses haviam ficado sem seu ídolo quando o Nakata se aposentou em 2006 e o Honda acabou caindo no gosto da torcida perfeitamente´´.

Honda saiu do Nagoya Gramphus em 2007 para o modesto VVV-Venlo, da Holanda. Mostrou qualidade e acabou contratado pelo CSKA Moscou, da Rússia, antes da Copa. Na África do Sul, Honda se revelou para o mundo, comandando os japoneses nas vitórias contra o Camarões, de Samuel Eto’o (1 a 0) e a Dinamarca, de Tomasson (3 a 1). Mais uma vez ficaram pelo caminho nas oitavas de finais, mas sem perder: 0 a 0 contra o Paraguai e derrota nos pênaltis.

``A campanha de 2010 foi ainda mais animadora. Em 2002, o time dependia muito do Nakata. Desta vez, o Honda fez a diferença, mas não foi só ele. Foi o conjunto todo foi determinante para o bom futebol que o Japão apresentou. E boa parte deste elenco estará no Brasil´´, alertou.

Dos 23 que estiveram presentes em solo africano, nove foram convocados para a Copa do Brasil. Dentre as principais seleções, apenas Espanha (16), Uruguai (15), Portugal (11) e Alemanha (11) tiveram mais remanescentes que os samurais. O Brasil, por exemplo, tem apenas cinco.

``Se tiver que apontar uma zebra, aposto no Japão´´, finalizou.

Integrante do Grupo C, o Japão estreia contra Costa do Marfim, no dia 14 de junho, em Recife. Cinco dias depois, o duelo será com a Grécia, na Arena das Dunas, em Natal. Já no dia 24, o time medirá esforços contra a Colômbia, na Arena Pantana, em Cuiabá-MT.




Fonte e foto: ADIE

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