A busca por investidores e por formas de gerar novas receitas são passos que devem ser estruturados pelos clubes brasileiros que aprovam internamente a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Recentemente, a Portuguesa, uma das equipes mais tradicionais do país, teve a transformação para clube-empresa autorizada pelos conselheiros e sócios. Em conversa com o presidente da Portuguesa, Antônio Carlos Castanheira, o CEO do escritório de advocacia JRCLaw, Jean Cioffi, se colocou à disposição para auxiliar o clube na busca por investidores e levou sugestões de caminhos que podem ser seguidos para a geração de mais fontes de receita.
``A Portuguesa é exemplo de boa gestão, com o presidente Castanheira à frente. Uma pessoa com profundo respeito no setor e que tem visão de vanguarda, deixando a área interna separada do futebol. Quando os investidores olharem para essa gestão na estrutura de SAF, certamente vão se aproximar da Portuguesa em detrimento de outros clubes, porque terão lá a segurança jurídica que precisam para apostar no negócio´´, avalia Cioffi.
Com a intenção de finalizar a implementação da SAF até novembro, a Lusa abre espaço para receber propostas que ajudarão a alavancar novamente o clube, que tem uma simpatia de torcedores do Brasil inteiro. Para Cioffi, a localização do Estádio do Canindé, na capital paulista, é uma vantagem enorme tendo em vista a transformação em uma arena multiuso.
``Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, os clubes de futebol têm receitas variadas. Hoje, um clube no Brasil, depende basicamente da bilheteria e dos direitos televisivos. Na pandemia, a situação financeira se agravou bastante e a arrecadação pelos direitos na TV não foi suficiente para manter os clubes. Mas, a partir do momento que se transforma em uma SAF, começa a ter capacidade de gerar receita nova´´, afirma.
Cioffi explica que o investimento na evolução dos estádios para arenas multiuso confortáveis permitirá a realização de eventos esportivos e culturais, como shows, gerando receita durante todo o ano e não só nos dias com jogos de futebol. Outro caminho interessante, apontado pelo advogado, seria a entrada da Portuguesa no mundo dos Esportes Eletrônicos, que realiza seletivas com 150 mil jovens reunidos de forma online, sendo um mercado muito promissor.
``Por que a Portuguesa é só de São Paulo? Não precisa ser. Com a SAF, abre-se oportunidade de dinheiro novo. Com o eSports, a empresa da Portuguesa poderá prestar contas ao investidor que procura levar um novo torcedor, a juventude que joga videogame, para uma paixão que resultará na compra de equipamentos eletrônicos, por exemplo. E a marca do clube estará dentro desse mundo virtual, sendo vista por muitas horas, até mesmo em transmissão televisiva dos jogos eletrônicos´´, explica o advogado, que conhece empresas multinacionais com desejo de investir no futebol brasileiro através do mundo virtual, mas com receio pelos clubes não serem do modelo de SAF.
Uma terceira saída é apostar no potencial social que a formação de base dos times proporciona, atraindo empresas que não tem interesse no futebol, mas no impacto social e governança (ESG).
``Nem todos os meninos vão se tornar profissionais de futebol, mas muitos deles, se o clube-empresa tiver boa estrutura, irão se tonar melhores cidadãos. As empresas que investem no social poderão ser parceiras de programas de formação de base, tanto masculino quanto feminino´´, sugere Cioffi.
Atualmente, a equipe multidisciplinar da JRCLaw trabalha na estruturação de dívida e transformação para SAF de dois clubes do Estado de SP e conversa com outros cinco clubes de fora do Estado de São Paulo que desejam virar empresa e atrair capital. Entre os possíveis investidores de olho nas possibilidades do futebol brasileiro, o JRCLaw mantém contato com dois fundos de investimento, um da China e outro do Oriente Médio.
Fonte: Valle da Mídia